PAC em Altamira: Aceleração do crescimento da violência e da pobreza

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Por Renata Pinheiro

 

Outro dia, ao voltar para casa depois da corrida que faço (ou tento fazer) todos os dias, encontrei por coincidência IrmãIgnês, que faz parte do nosso movimento de resistência contra a barragem de Belo Monte. Junto com outra Irmã, atendiam um rapaz, que chorava bastante.

Sebastião é baiano, tem 25 anos, trabalha na roçae vive em Tucuruí, próximo a Marabá.Chegou em Altamira no ultimo domingo (10/07), com outros seis rapazes que vieram à procura de trabalho na construção da usina.

Desde domingo dorme ao relento e come pouco.

Passou a primeira noite na rodoviária de Altamira. Naquele dia, foi dormir na orla, na beira do cais, um local público, debaixo de umas árvores, aconselhado por outros rapazes de Altamira. Eles disseram para ele estender sua rede e preparar o fogo. Saíram com os 2 reais que Sebastião lhes deu para comprar macarrão e sardinha. Sebastião fez uma fogueira e, enquanto esperava os jovens, outros três rapazes chegaram e o expulsaram de lá, com um pedaço de pau. Que nem bicho.
Foi agredido e, sem perceber, ainda teve sua carteira, com o pouco de dinheiro que lhe restava E os documentos, roubados.

Somente em conversa conosco é que Sebastião percebeu que tinha perdido sua carteira e se desesperou. Queria ligar para mãe para avisá-la que estava voltando para casa, mas, com o nervosismo, sequer foi capaz de lembrar seu número de telefone…

Foi dormir na rodoviária. Amanhã de manhã, faremos a ocorrência do roubo e o levaremos de volta àrodoviária para colocá-lo em um ônibus de volta para Tucuruí. Sebastião não quer nem pensar em ficar nesse lugar.
E assim (des)caminham as coisas em Altamira…

Esse é o tão almejado progresso promovido por esse “governo popular democrático” e seu Programa de Aceleração do Crescimento. Só se for da violência, pobreza e miséria – materiale de espírito – Brasil afora. Esse é apenas um relato de tantos que temos ouvido e testemunhado por aqui…

E é apenas o começo.

Renata Pinheiro é biológa e assessora política do Movimento Xingu Vivo Para Sempre. Carioca, mora em Altamira há 3 anos.

Comments (2)

the progress that govts talk about is for themselves.The progress of their bank accounts, the higher education of their children and their mansions, their friends and relatives. Few people on the ground will see the real benefits of this progress. This is a situation that happens daily in countries all over the world.

Sucintamente: Moro em Tucuruí há quase 9 anos e sei que grandes projetos não são sinônimos de desenvolvimento. O que o governo faz é falácia. Altamira, o Pará e a Amazônia não precisam de mais Usinas como essas. Precisam ser tratados com respeito e responsabilidade. Conheço muita gente aqui com a ilusão do personagem desse relato e, infelizmente, sei que irão pra Altamira. Sofro diariamente por isso e por ver que esse governo canalha insiste nesses projetos. É lamentável pensar que eles querem destruir a Amazônia e a Mãe-Terra.

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