Mais de 200 pescadores de Altamira, Vitória do Xingu, Belo Monte, Senador José Porfírio e Porto de Moz estão promovendo, desde a última sexta, 11, mais uma manifestação contra a construção da usina, a “Grande Pescaria em Defesa do Xingu e contra Belo Monte”.
Na sexta, cerca de 55 barcos de Altamira receberem a benção de Dom Erwin Kräutler, bispo da Prelazia do Xingu, e seguiram para vários pontos de pesca do rio, onde estão se encontrando com embarcações das demais localidades.
Nesta segunda, 14, dia internacional de luta contra as barragens, todos os barcos se reunirão em uma grande romaria fluvial e aportarão no porto de Altamira, em frente à sede da Eletronorte, por volta das 12 h. No local, serão recepcionados por mais de 100 mulheres e crianças, esposas e filhos dos pescadores, que, a partir das 8 h da manhã, estarão tecendo redes no local para simbolizar a unidade das populações ameaçadas pela hidrelétrica.
No período da tarde, os pescadores, pescadoras, movimentos e organizações sociais e moradores da cidade farão um grande ato político, com a exibição de filmes e atividades culturais, para conscientizar a população e chamar a atenção das autoridades para os impactos da construção de uma hidrelétrica em pleno Xingu. Após o ato, será realizada uma coletiva de imprensa com a presença lideranças das comunidades pesqueiras e, logo em seguida, um grande almoço será servido com os peixes trazidos pelos barcos (estimativa de 10 e 13 toneladas). Os peixes que não forem consumidos nesse almoço serão doados para instituições de caridade em Altamira.
Impactos de Belo Monte sobre a pesca
De acordo com o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de Belo Monte, elaborado pelo Ibama, as obras da usina, que afetarão, além do próprio rio, os igarapés da região, podem ser fatais, uma vez que “os peixes que vivem nesses igarapés e que dependem das planícies que serão inundadas, sofrerão conseqüências negativas, com o desaparecimento de espécies”.
Uma análise mais aprofundada feita por uma série de pesquisadores e cientistas de diversas áreas, o Painel de Especialistas, concluiu que o impacto do represamento do rio sobre os peixes é inquestionável. “Tanto os peixes que se movimentam na direção de jusante para montante da barragem (em busca de sítios para desova), como também os que se movimentam no sentido inverso, de montante para jusante (em busca de sítios para alimentação) serão afetados. O impacto decorre tanto da ação da barragem (impedimento de subida), como do canal lateral e do reservatório (condições totalmente distintas em relação ao canal natural do rio)”. E conclui: “o empreendimento AHE Belo Monte, do ponto de vista da ictiofauna, é tecnicamente inviável, visto que irá destruir uma grande extensão de ambientes de corredeiras tanto no Trecho de Vazão Reduzida (TVR) quanto na área do lago. Não existe compensação ambiental à altura desses impactos sobre a Ictiofauna”.