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Comunidade que será inundada celebra “última missa” na Volta Grande

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Ribeirinhos da região conhecida como Arroz Cru, localizada na Volta Grande do Xingu, realizaram terça-feira, 13 de dezembro, um protesto contra a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Após missa e procissão celebradas anualmente na comunidade Santa Luzia – parte do território da comunidade -, barcos de moradores e do Movimento Xingu Vivo Para Sempre foram até o local onde seria construído o paredão e estenderam uma faixa de quinze metros de comprimento, trancando simbolicamente o rio Xingu.
“Muita gente não veio porque já foi embora, ou porque brigou com a comunidade por causa da barragem. A barragem acabou com a comunidade”, explica uma das moradoras do local. “A missa sempre foi um seguida de festa, sempre foi um dia muito feliz pra gente. Agora a gente se sente com fosse o enterro de alguém”, comenta.
Apesar do clima triste, alguns moradores afirmaram que continuariam resistindo à construção da hidrelétrica. “Mesmo que a gente tenha que sair, vou levar minha plaquinha [‘Eu não quero Belo Monte’, afixada na entrada das casas de ribeirinhos] pra onde eu for e vou continuar lutando, continuar contra”, garantem. Algumas famílias já foram indenizadas, desapropriadas, ou estão em processo de negociação. Segundo ação da Defensoria Civil Pública, no entanto, as indenizações estão rebaixadas.
A comunidade fica poucos quilômetros acima do paredão da barragem, na área de cheia permanente. Apesar da proximidade com a obra, muitas famílias sequer passaram pelo Cadastro Sócio-econômico, levantamento básico de moradores e terras que determina quantas pessoas e propriedades em um determinado local serão atingidas, e como será calculada a indenização. Segundo moradores, alguns territórios serão ou já estão sendo utilizados como area dos canteiros de obras.
MEMÓRIA
Os barcos de ribeirinhos também passaram pelo local onde foram jogadas as cinzas do jornalista e ativista Glenn Switkes, ex-coordenador da ONG International Rivers no Brasil, falecido em dezembro de 2009. Em parceria com o professor da Unicamp Oswaldo Sevá, Glenn foi autor do livro  Tenotã, a mais completas radiografia do projeto de Belo Monte.  Em 17 anos de atividade no país, foi um dos mais ativos defensores dos rios da Amazônia e aguerridos opositores às hidrelétricas dos rios Madeira e Xingu.  “Perdemos um amigo imortal do rio Xingu, mas o espírito continua vivo na gente e nas águas que correm aqui”, comenta a coordenadora do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antônia Melo.

Comments (1)

uma comunidade de brasileiros, que compartilham fé, amor e organização, com certeza muito mais organização que algumas comunidades que nos 'orgulhamos' de chamar metrópoles.
Que Deus ouça a voz do xingu

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