Um dossiê contrário à hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), elaborado pelas ONGs Amigos da Terra e International Rivers, começa a ser distribuído no país. O trabalho inaugura nova estratégia de ação dos movimentos contrários ao empreendimento (Folha de São Paulo, Agnaldo Brito, 24.12.2010).
O alvo das ONGs agora é tentar demonstrar aos eventuais financiadores os “riscos financeiros, legais e de reputação” embutidos na obra. O estudo sustenta que Belo Monte não pode ser considerado “apto” a qualquer obtenção de crédito.
“O plano era alcançar os analistas de banco. Mas como o projeto pode ser financiado com recursos do Tesouro buscamos mostrar os riscos ao público geral”, diz Brent Millikan, da ONG International Rivers.
Pequeno Investidor
O trabalho sustenta a tese de que Belo Monte não tem viabilidade econômica. Para eles, nenhum estudo até agora mensurou adequadamente os riscos da construção, dos custos para compensações socioambientais e até a eventual perda de capacidade de geração em razão da variação de nível do rio.
Os riscos do projeto podem interessar em breve o pequeno investidor. Isso porque o governo federal acaba de anunciar novos mecanismos de financiamento de longo prazo. A emissão de debêntures vinculadas a projetos de infraestrutura é um dos novos mecanismos de captação de recursos privados. Como outras obras de infraestrutura, a medida do governo pode servir ao projeto.
O documento será encaminhado a bancos, fundos e empresas. Entre os quais: BNDES, Basa (Banco da Amazônia), Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Bradesco, Itaú Unibanco, HSBC, Santander e o Banco Votorantim. Entre os fundos estão: Petros, Caixa FI Cevix, Funcef, Bolzano Participações e Previ.