Como previsto pelo Ministério Público Federal em uma das ações contra Belo Monte, o aumento do fluxo de veículos nas estradas de terra que levam aos canteiros de obra da usina já está fazendo vítimas.
Na comunidade de Santo Antonio, também conhecida como Agrovila do 50, moradores têm sofrido com problemas respiratórios decorrentes da poeira levantada pela movimentação de tratores e caminhões na Rodovia Transamazônica, que nunca foi asfaltada. Nos últimos vinte dias, ao menos onze crianças foram internadas no hospital regional de Altamira, ou foram à cidade a procura de tratamento por problemas respiratórios como asma, bronquite e pneumonia, em função de inflamações e intoxicações geradas pela poeira, denunciaram moradores.
A comunidade fica na margem esquerda do quilômetro 50 Rodovia Transamazônica, no município de Vitória do Xingu, no sentido Altamira – Marabá, há menos de um quilômetro do canteiro, também identificado como km 50.
Na última semana, o assunto principal em Santo Antonio foi o caso da filha de cinco anos de um pescador que está há duas semanas internada, com pneumonia. “Muitas crianças adoeceram e estão adoecendo… Na última reunião com a Norte Energia [construtora de Belo monte], reclamamos da poeira, e agora eles mandam alguns caminhões molhando a estrada”, explica Acional de Souza, 28 anos. Acional trabalha numa empresa terceirizada que presta serviços para a Norte Energia. “Das sete da manhã às cinco da tarde, o trânsito, o barulho e a poeira são insuportáveis”, conta Walci Pereira Barbosa, 62 anos.