Operários de Belo Monte demitidos denunciam ‘retaliação’ no PA

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Funcionários que trabalhavam nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e foram demitidos denunciaram ao Ministério Público do Trabalho terem sido vítimas de retaliação por parte do consórcio construtor. Eles integravam uma comissão que tentava negociar a pauta de reivindicações durante uma greve que paralisou parte da obra no início deste mês  (G1, 19.04.2012).

Nesta quinta (19), operários comunicaram que entraram em estado de greve por reajuste salarial. A categoria tomou a decisão após assembleia realizada na noite da quarta. A nova paralisação deve ter início na próxima segunda-feira (23).

Quatro operários demitidos foram ouvidos por um procurador do Trabalho em Altamira. Eles fizeram denúncias de perseguição pelo Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM). Eles foram demitidos no dia 12, mas dizem que só souberam da rescisão do contrato quatro dias depois, por telegrama.

Eles participavam de uma comissão formada para negociar a pauta de reivindicação da última greve deflagrada por uma semana. Na paralisação, foram cobradas melhorias trabalhistas e salariais. A Central Sindical acompanha o caso e diz que as demissões aconteceram porque os operários lideraram os demais trabalhadores no protesto.

Uma equipe de oito auditores fiscais foi enviada à região de Altamira para fiscalizar as atividades nos cinco canteiros de obras da usina.

Em nota, o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) diz que não há “retaliação”. Afirma que há uma alta “rotatividade” de trabalhadores, que são demitidos e contratados. O consórcio informa que atualmente 7 mil pessoas trabalham nas obras. A estimativa é que haja 20 mil no próximo ano.

Greve na segunda
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada e Afins do Pará (Sintrapav-PA), os trabalhadores entraram em estado de greve porque reivindicam reajuste salarial, redução dos intervalos entre as visita dos trabalhadores a suas famílias de seis meses para três meses, além de equiparação salarial entre os trabalhadores dos cinco canteiros de obra, aumento do vale-alimentação e solução de problemas com a comida, água e de transporte.

O Consórcio Construtor de Belo Monte  diz que negocia com os trabalhadores, entre todas as reivindicações apresentadas, duas consideradas básicas: o aumento do período de baixada (visita a familiares) que ocorre a cada seis meses, para o prazo de 90 dias, além do aumento do vale-alimentação.

Morte
As obras também já foram palco de uma morte: a do operador de motosserra Francisco Orlando Rodrigues Lopes, de 34 anos. Ele morreu no sítio Canais e Diques, que fica a cerca de 49 km de Altamira, depois de ser atingido por galhos de uma árvores que cortava. Lopes era casado e tinha quatro filhos.

Lopes era funcionário da Dandolini e Peper Ltda., empresa subcontratada para a realização de serviços de supressão vegetal nas obras da usina hidrelétrica, de acordo com nota da CCBM. O consórcio diz ter tomado as providências de apoio à família e junto aos órgãos legais no estado.

Ano passado
Um outro protesto de trabalhadores paralisou, em novembro de 2011, as atividades no canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte, em Vitória do Xingu. Segundo o CCBM, a paralisação só atingiu o sítio Belo Monte, o principal dos canteiros de obras.

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