Scroll Top

Novo presidente de mineradora canadense Belo Sun já foi proibido de entrar em aldeia indígena


Por O Globo – O anúncio de Adriano Espeschit como novo presidente da mineradora canadense Belo Sun no Brasil acendeu o alerta de indígenas.

O executivo comandava a Potássio do Brasil, que sob sua gestão foi acusada pelo povo Mura e pelo MPF de uma série de irregularidades no curso do licenciamento para exploração do minério nas terras em processo de demarcação pela Funai. Entre as queixas, estavam cooptação, assédio e até ameaças de morte de indígenas.

No ano passado, a Justiça Federal do Amazonas proibiu Espeschit de entrar em uma aldeia indígena em Autazes (AM), sob pena de multa diária de R$ 100 mil. Segundo a decisão, o então presidente da Potássio do Brasil pretendia ir ao local explicar pessoalmente o projeto de exploração pela companhia, mas ele não tinha autorização judicial nem da Funai para ingressar no território.A juíza do caso afirmou que a terra se tratava de um “asilo inviolável”, não sendo permitida a entrada sem consentimento dos moradores.

Relatórios do MPF apontaram que a atuação da empresa sob sua liderança fragmentou a comunidade Mura e resultou em um processo de consulta considerado fraudulento, que excluiu e silenciou as comunidades mais impactadas pelo projeto.

Segundo avaliação da Amazon Watch, tal histórico preocupa, dada a possibilidade de que o mesmo padrão seja replicado no Pará. De acordo com uma porta-voz da organização, “a soma dessas experiências indica que Espeschit é um executivo treinado para avançar empreendimentos mesmo diante de fortes resistências sociais e ambientais, e até mesmo impasses legais. Sua nomeação pela Belo Sun sinaliza que a mineradora pode buscar repetir táticas já denunciadas em outros territórios. Em uma região tão fragilizada quanto a Volta Grande do Xingu, que já sofre com os impactos da hidrelétrica de Belo Monte, sua chegada exige vigilância redobrada da sociedade civil, do Ministério Público e dos órgãos de fiscalização ambiental”.