Scroll Top

COP 30: Belo Sun estará no centro das denúncias da Volta Grande do Xingu



No marco da reunião da Cúpula do Clima que acontece durante o mês de novembro em Belém, as organizações e movimentos sociais que compõe a Aliança pela Volta Grande do Xingu promoverão, no dia 13 de novembro, um debate sobre os dois principais projetos de mineração com o maior potencial de violação de direitos sociais e ambientais da Amazônia: o projeto Belo Sun, no Pará, e o Potássio do Brasil, no Amazonas. O evento acontece na Casa Amazon Climate Hub, em Belém. O encontro reunirá lideranças indígenas, representantes de organizações socioambientais e especialistas para discutir os impactos e as violações de direitos causados pelos dois projetos.

Os casos
A mineradora canadense Belo Sun pretende instalar a maior mina de ouro a céu aberto do país, na Volta Grande do Xingu, região já profundamente afetada pela operação da hidrelétrica de Belo Monte. O empreendimento se sobrepõe a áreas de reforma agrária e vilas inteiras, como Ressaca e Galo, ameaçando deslocar centenas de famílias ribeirinhas, indígenas e agricultoras. Estudos independentes e denúncias de
organizações como o Movimento Xingu Vivo para Sempre e o Instituto Socioambiental apontam falhas graves no licenciamento ambiental, ausência de consulta livre, prévia e informada, além de riscos de contaminação da água e do solo por cianeto e rejeitos tóxicos. A barragem de rejeitos projetada pela empresa teria capacidade superior à que se rompeu em Mariana (MG) em 2015, o que levanta temores sobre um possível desastre de grandes proporções.

Enquanto isso, no Amazonas, a empresa Potássio do Brasil tenta viabilizar uma mina de extração de potássio no município de Autazes, sobre a Terra Indígena Lago do Soares, tradicionalmente habitada pelo povo Mura. O projeto é alvo de forte resistência das comunidades locais, que denunciam violações ao direito à consulta prévia e impactos diretos sobre lagos sagrados, áreas de caça e modos de vida tradicionais. Na Carta do VIII Encontro Geral do Povo Mura, realizada em maio de 2025, lideranças reafirmaram sua oposição total à mineração e denunciaram as investidas da empresa e a omissão do
Estado brasileiro na demarcação de suas terras.

Os dois casos estão conectados também por laços empresariais: o ex-presidente da Potássio do Brasil assumiu, em 2025, a presidência da Belo Sun no Brasil, evidenciando uma articulação política e econômica que busca expandir projetos minerários sobre territórios indígenas e áreas ambientalmente sensíveis.

“Há quinze anos vi o Xingu agonizar quando suas águas foram tomadas por Belo Monte. Desde então, o que se seguiu foi o exílio das famílias, o silêncio dos peixes e o medo nas aldeias. Mas também nasceu uma rede de resistência, de quem não aceita que a vida seja negociada. A defesa do Xingu é a defesa da Amazônia. Nossa unidade é a única garantia de que a vida e o rio prevaleçam sobre o lucro”, afirma Ana Laíde Soares Barbosa, integrante do Movimento Xingu Vivo para Sempre, em Altamira (PA).

A mesa do dia 13/11 reunirá Ana Carolina Alfinito (Amazon Watch/AVGX), Ana Laíde Soares Barbosa (Movimento Xingu Vivo), Gabriela Sarmet (Cosmopolíticas e London Mining Network), Felício Pontes (Procurador Regional da República), Lorena Curuaia (liderança indígena e médica da Volta Grande do Xingu) e Milena Mura (presidente da Organização das Mulheres Indígenas Mura – OMI). A conversa pretende fortalecer a articulação entre movimentos sociais e redes internacionais, inserindo a mineração
amazônica no debate global sobre justiça climática, direitos humanos e transição energética justa.

Durante o evento, haverá também uma exposição de fotos sobre os territórios impactados, além de um encontro das lideranças com jornalistas, no mesmo dia, das 19h às 20h. A ação faz parte da programação do Amazon Climate Hub, espaço colaborativo da sociedade civil durante a COP30, que busca conectar vozes da Amazônia a pautas globais.

A iniciativa integra uma campanha de comunicação coordenada pela AVGX, que visa ampliar o alcance das denúncias, pressionar por transparência nos processos de licenciamento e fortalecer a mobilização internacional contra a legalização da mineração em terras indígenas e tradicionais.

Serviço:
Mesa: “Mineração, Direitos e Justiça Climática na Amazônia – O Caso Belo Sun e Potássio do Brasil”
Data: 13 de novembro de 2025
Horário: 16h30
Local: Casa Amazon Climate Hub – R. Boaventura da Silva, 64, bairro Reduto, Belém (PA)