Uma série de protestos e questionamentos sobre a participação da Siemens em problemas ambientais e sociais, além de casos de corrupção no Brasil, deixou a diretoria da empresa em maus lençóis nesta terça, 28, durante a sua assembleia de acionistas, que aconteceu em Munique, na Alemanha.
Como parte de uma joint venture com as empresas Alstom (França) e Andritz (Austria) no fornecimento das turbinas da usina de Belo Monte – o contrato de 500 milhões de euros foi firmado em 2011 -, a Siemens foi alvo de manifestantes logo pela manhã, quando os acionistas chegavam ao Olympiahalle, local do evento. Com faixas e banners contra a participação da empresa em Belo Monte e na hidrelétrica hondurenha de Agua Zarca, militantes de organizações alemãs, americanas, francesas e brasileiras denunciaram as irregularidades sociais e ambientais e a repressão militar nos dois projetos.
“Logo de cara, os acionistas receberam informações sobre a corresponsabilidade da Siemens nestes problemas. Vários demonstraram simpatia com a causa”, explicou o membro da organização alemã Gegenströmung, Christian Russau.
Membros da coalizão Acionistas Conscientes, que, por deterem ações da Siemens, puderam entrar na assembleia, também questionaram diretamente o CEO da empresa, Joe Kaeser, sobre os impactos em Belo Monte durante o evento. As principais denuncias foram apresentadas pela militante do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Monica Brito, e traduzidas por outro acionista. “A fala foi muito forte, e a Monica apresentou várias fotos dos terrores de Belo Monte. Bem no meio da apresentação, no entanto, a Siemens retirou a imagem da Monica e das fotos do telão. Foi um ato grosseiro de censura. Mas ao final uma senhora nos passou todos os seus votos – referentes a 78,4 mil euros – para que votássemos por ela contra a participação da Siemens na usina”, explicou Russau.
Diretor da ONG Amazon Watch, o acionista Christian Poirier questionou Kaeser sobre os critérios ambientais e sociais da Siemens e sobre os riscos jurídicos e legais que Belo Monte representa aos acionistas diante das dezenas de ações na Justiça contra a usina. “O CEO da Siemens me respondeu que a empresa está completamente compromissada com os direitos humanos, mas que estaria disposto a discutir a questão conosco. Vamos apresentar um dossiê sobre as violações e ver o que ele tem a dizer depois disso”, afirmou Poirier.
Corrupção
A participação da Siemens em casos de corrupção em São Paulo também foi levantada pelos acionistas. “Quando pedi explicações sobre isso, o Joe Kaeser demorou pra responder porque o backstaff dele teve que ligar para representantes da empresa em São Paulo. Ele acabou dizendo que é ‘um assunto atual e muito importante, por isso quero dizer que é um processo em andamento. Ha a suspeita que alguém de Siemens pagou políticos. Não sei avaliar se há culpados, mas o Ministério Publico e a Policia Federal estão investigando’. Aí ele disse que está cooperando com as investigações e tudo aconteceu antes de sua gestão”, contou Russau.
De acordo com Antonia Melo, coordenadora do Xingu Vivo, cuja participação na assembleia foi inviabilizada pela Policia Federal de São Paulo, que a impediu de embarcar para a Alemanha na última semana alegando problemas de passaporte, os protestos cumpriram seu papel. “Sabemos que não se extingue um contrato bilionário com denúncias em um dia. Mas para nós é importante que os acionistas saibam dos problemas em que a empresa está envolvida, que isso se torne público na Europa, que a imprensa europeia acompanhe e que se desmascare os falsos compromissos sociais e ambientais que estas empresas dizem que adotam. O que é certo é que a Siemens passou vergonha”.
“O contrato é um negócio jurídico, e como negócio jurídico permitirá que as partes contratantes criem direitos, ou atinjam os efeitos patrimoniais desejados, ou ainda, criem obrigações. Portanto, possível imaginar que o negócio jurídico contratual celebrado por partes capazes, observando forma legalmente adequada, e apresentando objeto lícito, vez que formado com proposta e aceitação idôneas, terá seu desenvolvimento normal até a sua extinção natural pelo cumprimento das obrigações assumidas completamente por cada contratante nos contratos bilaterais ou plurilaterais, ou apenas pelo único obrigado nos contratos unilaterais, gerando efeitos patrimoniais negativos e positivos para cada contratante nos contratos onerosos ou apenas para um deles nos gratuitos, gerando certeza de onerosidade para ambos nos comutativos e incerteza de onerosidade para qualquer deles nos aleatórios, et cetera.
la vem mais um escandalo…