Neste domingo, 30, movimentos sociais de Altamira fizeram um protesto na ilha do Arapujá, cartão postal da cidade, localizada na margem oposta da orla da cidade. Como todas as ilhas da Volta Grande do Xingu na área de alagamento do futuro reservatório de Belo Monte, a Arapuja está sendo desmatada pelos empreendedores da usina sem nenhum tipo de manejo florestal e salvamento da fauna.
De acordo com Antonia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo, a derrubada da floresta na ilha escancarou de forma brutal o enorme impacto ambiental de Belo Monte por destruir irremediavelmente a mais bela visão do rio para os moradores da cidade. “O mais terrível é que estes assassinos estão fazendo este massacre sem nenhum acompanhamento de grupos de salvamento dos animais. Hoje a ilha amanheceu com o céu preto de urubu, como se fosse um enxame. É simplesmente desesperador ver esse crime sendo cometido bem na nossa frente. Por isso fomos protestar, denunciar”.
Leia abaixo a nota da manifestação
ABRAÇO NA ILHA DO ARAPUJÁ
Movimentos sociais, barqueiros, areeiros, carroceiros, ribeirinhos, a juventude do Xingu, defensores dos direitos humanos, pessoas autônomas, moradores (as) de Altamira, e docentes e discentes da Universidade Federal do Pará deram um abraço na ilha do Arapujá, que teve como objetivo denunciar ao mundo o maior desastre ambiental da UHE Belo Monte e os seus responsáveis por este crime no Xingu, na Amazônia.
A ilha do Arapujá está localizada frente à cidade de Altamira-PA. Ela é conhecida também como ilha do “capacete”, nome inventado pelos destruidores!
As pessoas que participaram do ABRAÇO NA ILHA DO ARAPUJÁ demostravam sua tristeza e indignação pela destruição da ilha, território ancestral arqueológico onde povos indígenas habitaram por centenas de anos. Arapuja é composta de uma biodiversidade ainda desconhecida, bem como seu majestoso lago natural, berçário dos peixes e animais. Também é o lar para centenas de famílias que hoje choram a morte desta fonte de vida, que durante séculos foi patrimônio e soberania do povo Xinguara e o cartão postal da cidade de Altamira. O genocídio e o etnocídio de UHE Belo Monte para com os povos do Xingu escancara os imperdoáveis crimes do governo brasileiro e a interferência nas culturas e vidas que se desenvolveram e mantiveram durantes anos e séculos no Xingu/ Amazônia.
A morte da fauna e flora é morte também dos povos do Xingu, como foi dito de forma emocionante por um morador de Altamira, Leornado Rosa de Oliveira, areeiro do Xingu, que tira da natureza a sua subsistência. “Eu nasci e me criei em Altamira, cada arvore que morre, eu também estou morrendo junto com ela” e fez um gesto atirando-se no chão como “morto”.
As entidades que compõem o Movimento Xingu Vivo para Sempre e o Fórum em defesa de Altamira estão acusando o governo e as empresas dos crimes ambientais contra a natureza e a violação dos diretos humanos a todos as instancias e organismos nacionais e internacionais. E persistimos na luta contra Belo Monte e o desenvolvimentismo símbolo de morte.
Altamira, 30 de agosto de 2015
Os manifestantes
O nome ilha do capacete não foi dado pelo "destruidores", como citado acima e sim por pessoas locais, entre eles militares que servem no 51º BIS, pois por obra de Deus a ilha tem um formato idêntico ao de um capacete militar, esse apelido dado a ilha é muito antigo e quem escreveu o texto está mal informado.