Sobre o Estado que mata e a dor da gente que morre

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O Movimento Xingu Vivo Para Sempre está localizado em um território outrora banhado por águas límpidas. Deixadas pelos nossos ancestrais e preservadas por povos originários e comunidade tradicionais, essas águas hoje estão transformadas num grande reservatório com cerca de 516km de extensão. Belo Monte e Belo Sun, esses são os nomes da nossa desgraça, construída pela parceria entre estado, empresas, políticos e dinheiro sujos e corrompidos.

Mas há décadas xinguanos e xinguanas pisam em sangue de pessoas inocentes, derramados como água nestas terras, convivendo com corpos mutilados, calados à bala por mãos assassinas. Nos anos 1990, mais de 20 crianças foram vítimas da hedionda violência de emasculação, e seis não resistiram e morreram. Foram assassinados os agricultores Hércules, Jesusmar, Cosme, Ivanzinho, Zé da Lapada, Dema, Bartolomeu (o Brasília), além da Irmã Dorothy. Outros dez jovens negros e pobres foram mortos por grupos de extermínios em Altamira nesses dias, e tantos outros anônimos estão sendo vítimas dos megaprojetos em nossa região. Todos continuam sendo apenas estatística de assassinatos e violência no campo e na cidade.

A chacina de nove agricultores e uma agricultora, ocorrida no dia 24 de maio no município de Pau d’Arco, soma-se as lembradas acima, e a outras mais, todos vítimas desse sistema elitista e repressor.

Nós do movimento Xingu Vivo nos entristecemos com a morte dos agricultores Antônio Pereira Milhomem, Bruno Henrique Pereira Gomes, Hércules Santos de Oliveira, Jane Júlia de Oliveira, Nelson Souza Milhomem, Ozeir Rodrigues da Silva, Regivaldo Pereira da Silva, Ronaldo Pereira de Souza, Weldson Pereira da Silva, Weclebson Pereira Milhomem.

Repudiamos a convocatória da “marcha em prol dos policiais que participaram da operação na fazenda santa Lúcia, em Pau D` Arco” divulgada pelas policias Civil e Militar do Estado do Pará. Isso mais parece uma convocatória pública da promoção e incentivo à barbárie. Vale lembrar que a chacina na fazenda Santa Lúcia só perde em número de mortos para o Massacre de Eldorado de Carajás, em 1996, quando 19 trabalhadores sem terra foram brutalmente assassinados.

Denunciamos e responsabilizamos mais uma vez o Estado brasileiro, em todas suas esferas institucionais, pela insistência na violência que rouba e mata o direito, a terra e a territorialidade de povos originários e das populações tradicionais. Entendemos que os agentes públicos devem executar politicas públicas, respeitando a dignidade humana e o direito à vida. A barbárie instalada pelo Estado e agentes privados é inaceitável, como é inaceitável banalizar as chacinas que vêm acontecendo no Estado do Pará, e também em todo o Brasil. Quantas pessoas mais serão executadas pela violência corporativista do Estado?

Hoje, sétimo dia de sangue derramado na região Norte do Brasil, região que também faz parte do Estado brasileiro, sete dias de imensurável dor e revolta. Sete dias em que dez pessoas com nome e sobrenome foram massacradas por uma polícia cruel e desumana.

Diante disso, o Movimento Xingu Vivo para Sempre vem se solidarizar com as famílias das vítimas de mais essa violência agraria no Brasil. Conclamamos todos e todas que fazem parte deste território brasileiro a reagir a toda é qualquer forma de violência que configura o autoritarismo estatal. Exigimos que as investigações sejam Federalizadas e executadas com rigor. É inaceitável o requinte de crueldade deste crime ocorrido em um país dito democrático, e que assina acordos nacionais e internacionais que garantem o direito dos seres humano em sua condição de existir e viver dignamente.

NÃO ÀS POLITICAS AUTORITÁRIAS E CRIMINOSAS DO ESTADO BRASILEIRO!

NÃO AO ASSASSINATO E VIOLÊNCIA CONTRA TRALHADORES e TRABALHADORAS RURAIS!

PRISÃO PARA OS POLICIAIS, COMANDANTES E AO GOVERNADOR DO PARÁ, SIMÃO JATENE, RESPONSÁVEIS PELA CHACINA DE PAU D’ARCO!

Movimento Xingu Vivo para Sempre

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